"Mãe, você pode fazer como faz todos os dias?! E espera que eu vou parar para te olhar".
Acompanhá-la a descer a rua, sem saída, de bicicleta. E lá ao longe ela pára, vira, dá tchau, manda beijo, oferece abraço, às vezes grita "eu te amo" e segue.
Eu fico ali olhando. E vejo-a crescer. A mesma rua em que caminhava grávida, que cheguei da maternidade, que passeava com ela dentro do carrinho ou no sling, em que deu seus primeiros passos cambaleantes, em que correu para meus braços e de seu pai, em que saltitou, em que passeou com amigos do Relicário, em que passeou de bicicleta dentro da cestinha e depois na garupa, em que andou de bicicleta receando cair. E agora desce em disparada até desaparecer.
A mesma rua. A Ana Paula. O tempo. Que me faz lembrar de como foi. Que me mostra como é. Que há vislumbres do porvir.
Eu olho e agradeço.
A rua e por tudo que viceja nesta estrada. Pelas memórias contidas neste lugar.
A minha filha Ana Paula e à tudo que me provoca, me move e acolhe ao gestar, parir e poder acompanha-la no trajeto da vida.
Ao meu companheiro Alberto, pai de Ana Paula que ontem me presenteou com sapatinhos quentinhos feitos por suas mãos para meus pés gélidos e que me trouxe a possibilidade de ser mãe por duas vezes.
A rua e por tudo que viceja nesta estrada. Pelas memórias contidas neste lugar.
A minha filha Ana Paula e à tudo que me provoca, me move e acolhe ao gestar, parir e poder acompanha-la no trajeto da vida.
Ao meu companheiro Alberto, pai de Ana Paula que ontem me presenteou com sapatinhos quentinhos feitos por suas mãos para meus pés gélidos e que me trouxe a possibilidade de ser mãe por duas vezes.
À minha mãe, minhas avós e bisavós, mulheres incríveis que estão em mim.
À mãe do Alberto, suas avós e bisavós que são parte de minha filha Ana Paula.
O trajeto de todas estas pessoas, seus caminhos, me deram a possibilidade de ser mãe.
Eu aqui nesta rua agradeço e do fundo de meu coração digo: "vai minha filha, e saiba que tua mãe estará sempre à te olhar". E ao dizer vejo minha mãe, minhas avós e todas as mulheres que vieram antes de mim à me abençoar.
Certa vez, quando morava com meus pais, fui viajar depois de recomendações, perguntas e temores de minha mãe. Ao desfazer minhas malas encontrei um bilhete pequenino escrito por minha mãe: "tenho medo, mas confio em você". Ali senti a bênção de minha mãe. A mesma bênção de quando ela chegava na casa de seus pais, beijava a mão de sua mãe e dizia: "Bênção minha mãe" e minha vó respondia "Deus te abençoe minha filha".
Vejo minha filha e ela me vê. E diz....
"mãe, você esta mais bonita hoje!"
"porque você está sorrindo bonito?".
"eu escrevi uma cartinha pra você, sozinha, sei que tem alguns erros, mas você disse que não se importa, gosta de receber algo que eu fiz".
"porque você está sorrindo bonito?".
"eu escrevi uma cartinha pra você, sozinha, sei que tem alguns erros, mas você disse que não se importa, gosta de receber algo que eu fiz".
Vixe minha filha! Tenho recebido tanto de ti e te oferecido mais um tanto nesta caminhada. Que a bênção de tuas ancestrais te dêem força e coragem para andares por teu próprio caminho, do seu jeito, "porque cada um tem seu jeitinho de ser, né mãe".